Verdades que confortam ou que libertam?
Quando a Igreja Pensa Como o Mundo | Devocional #04
“Se alguém entre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto, para se tornar sábio”. (1 Coríntios 3.18)
Nem toda palavra doce vem de Deus. Nem todo conselho que parece bom é, de fato, verdadeiro. Uma das maneiras mais perigosas pelas quais a sabedoria do mundo entra na igreja é quando ela se disfarça de espiritualidade. Paulo escreve aos coríntios para denunciar uma forma de pensar que parece sensata, moderna e até piedosa, mas que no fundo nega a cruz de Cristo.
A sabedoria de Deus nos chama a discernir. Ela nos ensina que, muitas vezes, o conselho mais amoroso será aquele que confronta, não o que conforta.
O mundo vive nos dizendo que o centro da vida está no “eu”. A mensagem constante é: acredite em si mesmo, coloque-se em primeiro lugar, valorize-se acima de tudo, não aceite sofrimento, busque a felicidade a qualquer custo. E quando essas ideias entram na igreja sem serem filtradas pelo evangelho, acabamos criando um “cristianismo” onde o ego é tratado como rei e a cruz como um detalhe desconfortável que deve ser evitado.
O próprio Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. (Lucas 9.23). Isso não combina com os slogans da cultura. A cruz confronta o nosso orgulho, nos chama ao arrependimento, nos lembra que não somos o centro do universo. Mas o mundo, ao contrário, nos convida a evitar tudo o que nos faz sofrer, nos sacrificar ou nos diminuir. E, nesse conflito, muitos preferem escutar a voz do mundo, porque ela é mais agradável.
É assim que nascem os conselhos que soam bons, mas negam a cruz. Alguém diz: “Você precisa se amar mais”, e a frase até parece bíblica. De fato, somos chamados a cuidar do que Deus criou. Mas quando o amor próprio se torna o foco da espiritualidade, substituímos a confiança em Cristo pela exaltação do eu. Outros dizem: “Não aceite nada que te faça sofrer”. Mas a Palavra ensina que o sofrimento, quando vivido em obediência a Deus, produz perseverança, caráter e esperança. Se fugirmos de toda dor, fugiremos também de toda oportunidade de lapidação divina.
Esses conselhos agradam porque colocam o nosso conforto acima de tudo. Mas o evangelho não é um manual de autoestima. É um chamado para morrer com Cristo e viver para Ele. A verdadeira sabedoria, que Paulo chama de “loucura para os que se perdem”, nos ensina que perder a vida por amor a Jesus é o caminho para encontrá-la. Negar-se a si mesmo, servir ao próximo, sofrer pelo Reino, parecer tolo aos olhos do mundo... tudo isso faz parte da vida cristã.
É claro que há sabedoria na boa administração emocional, no cuidado com a saúde mental, no descanso. Mas tudo isso deve ser vivido sob o senhorio de Cristo, nunca como desculpa para fugir da cruz. A sabedoria de Deus nos chama a discernir. Ela nos ensina que, muitas vezes, o conselho mais amoroso será aquele que confronta, não o que conforta. A voz de Deus nem sempre agrada, mas sempre transforma.
Hoje, talvez você esteja cercado de vozes que dizem: “Siga seu coração”, “Pense em você”, “Você merece mais”. Antes de seguir qualquer uma delas, pergunte: isso glorifica a Cristo ou exalta o meu ego? Isso me aproxima da cruz ou me afasta dela?
Que o Senhor nos dê ouvidos espirituais, para discernir a diferença entre um conselho que afaga e um que liberta. Que amemos mais a verdade do que o conforto. E que jamais substituamos o evangelho por frases de efeito. A cruz pode parecer dura, mas nela está o poder de Deus para a salvação.
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